Campos filia vice, critica governo e ganha 'santinho'
Angela Lacerda - O Estado de S.Paulo
O
governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos,
filiou ontem a seu partido João Lyra Neto, seu vice. No mesmo evento,
criticou a dependência da população em relação ao principal programa
social federal, o Bolsa Família, e ganhou até "santinho" pedindo sua
eleição ao Planalto em 2014.
Lyra
Neto, até agora no PDT, é cotado para disputar o governo estadual sob
apoio de Campos. Assim, ele poderia garantir o palanque em Pernambuco
para o projeto presidencial do atual governador do Estado.
"A
decisão está tomada, vou para o PSB", disse Lyra Neto em um encontro de
vereadores do partido realizado no Recife. "Minha posição é de ser um
instrumento para ajudar na campanha do governador Eduardo Campos se ele
for candidato à Presidência", completou o vice.
Lyra
Neto disse que oficializará a troca de partido em setembro, no prazo
limite para quem pretende concorrer no próximo ano. "Apenas estou
aguardando um momento que não cause nenhum transtorno nos entendimentos
da possibilidade de o PDT vir a apoiar o governador Eduardo Campos",
disse. "Mas entendo que as demonstrações de comportamento são de que o
partido está com a presidente Dilma."
Apesar
de Campos se recusar a falar publicamente sobre 2014, os presentes ao
encontro de vereadores receberam o governador como candidato à sucessão
da petista Dilma Rousseff. No palanque, o governador aproveitou para
alfinetar a gestão federal. "Estamos vendo hoje as filhas do Bolsa
Família serem mães do Bolsa Família. E vamos assistir a elas serem avós
do Bolsa Família?", disse, numa crítica à dependência da população em
relação ao programa social.
Campos
aproveitou para comentar a recente corrida das famílias ao banco para
sacar o benefício após boatos segundo os quais ele iria acabar. "A
apuração tem que ser feita doa a quem doer", disse o governador.
Adesivos.
Além do discurso crítico a Dilma e da ação que poderá garantir um
palanque local, Campos ganhou um adesivo no evento de ontem: "Brasil Pra
Frente, Eduardo Presidente", dizia o material distribuído para os
presentes no encontro.
O
governador negou ter conhecimento do adesivo. O vereador olindense
Mário Barbosa assumiu a autoria da peça. Afirmou ter feito 500 adesivos
ao custo de R$ 280 e apresentou argumentos pouco convincentes ao negar a
intenção de propaganda política. "É Eduardo presidente do PSB",
desconversou.
A pessoa que distribuiu a propaganda afirmou que o adesivo era do PSB, para ser entregue unicamente nos eventos internos.
O
ato é passível de processo por propaganda antecipada, segundo Alberto
Luís Rollo, especialista em direito eleitoral. A peça, que traz ainda a
foto de Campos, o símbolo do PSB e a frase "uma nova forma de governar
pra você", cita o cargo político almejado e faz alusão ao futuro -
pontos que, diz Rollo, o Tribunal Superior Eleitoral costuma considerar
ao caracterizar casos de propaganda irregular. A punição é multa de R$ 5
mil a R$ 25 mil.
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